Um blog criado a 4 mãos, uma parceria entre irmãs, para comentarmos sobre os livros que lemos, e compartilhar opções de boa leitura.
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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Fidel e Raúl, meus irmãos.

Título: Fidel e Raul, meus irmãos. (A história secreta)
Autora: Juanita Castro (Por Maria Antonieta Collins)
Gênero: Biografia, Política.
Editora: Planeta
Ano: 2011
Páginas: 398










Juanita Castro; irmã de Fidel e Raúl Castro. Se voltou contra o regime Cubano, saiu do país e passou a viver em Miami, e a atacar publicamente o governo cubano. Seus motivos? Era o que eu gostaria de saber quando me deparei com seu livro.
Toda história tem dois lados. É sempre bom conhecer os prós e os contras, indiferente do lado que você escolhe defender. Sobre os prós do regime cubano todos sabemos, em especial os avanços em educação e saúde, mas e sobre os contras? O que é verdade e o que é simples conspiração anti-comunista? O fato de a própria irmã de Raúl e Fidel ter se voltado contra a revolução me deixou curiosa; o que faria uma pessoa trair os próprios irmãos e se aliar ao seu pior inimigo? O que ela teria de tão importante à declarar contra o regime cubano e qual seria a história secreta?

"Fidel fala esta noite pela televisão:
"-Eu lhes digo aqui com inteira satisfação e com inteira confiança: Sou marxista-leninista e serei marxista-leninista até o último dia da minha vida."
Ao escutá-lo fiquei horrorizada e não consegui senão voltar-me para ver minha pobre mãe, que estava pior do que eu: "-O que é isso? O que foi que Fidel disse?"

Eu não sabia o que responder, porque aquela declaração nos deixou paralisadas.
Minha mãe, pobrezinha, tinha os olhos cheios de lágrimas. Era desnecessário qualquer explicação, fomos as primeiras a ser traídas pelo pronunciamento, depois de nós estavam os demais cubanos. Jamais na vida fui marxista. Jamais."

Este trecho do livro deixa bem claro a posição de Juanita, e o motivo que a levou a se voltar contra o governo dos próprios irmãos; este levava o nome "comunismo."  Se o regime fosse exatamente igual, com os mesmos erros e os mesmos acertos em nome do capitalismo ela jamais teria desertado, tão pouco tentado derrubá-lo.
(Sem contar que este trecho do livro é de uma dramaticidade de dar inveja às novelas mexicanas... rs)

Juanita se aliou a CIA, o principal inimigo do governo cubano, que planejou várias tentativas de derrubar o regime de Fidel Castro, incluindo conspirações para matá-lo. Se declarou publicamente anti-comunista e contra o governo cubano ao se axilar em solo estadunidense, recebeu do governo uma rádio para trabalhar, onde comandava um programa anti-castrista transmitido tanto nos EUA quanto em Cuba, recebia financiamento do governo para suas atividades de auxilio aos cubanos residentes em Miami. Com a chegada do governo Nixon as coisas mudaram para ela, o governo estabeleceu um pacto de amizade com a União Soviética, o programa de rádio que ela comandava foi censurado e posteriormente cancelado, e suas atividades já não eram mais financiadas, alem de ter recebido da CIA a proposta de anunciar publicamente que se enganara ao se voltar contra o regime cubano e relatar suas beneficies, assim aprendeu o que é ser uma peça, no tabuleiros dos interesses políticos.

Segundo a sinopse: "Este instigante livro de memórias é o relato não só da vida de uma importante personagem, mas também dos acontecimentos que mudaram para sempre a América Latina"

Cheguei à última página, me perguntando onde estaria a parte instigante do livro, tal qual os acontecimentos que mudaram a América Latina. A maior parte do livro se trata de relatos de sua vida familiar, bastante desinteressante. Em termos histórico e político o livro é fraco, relata apenas suas atividades ajudando a libertar presos políticos e ajudando pessoas a sair do país. Não há nenhuma bombástica história secreta.

Ela cita dois contras no governo cubano: a perseguição aos contra-revolucionários e paredão de fuzilamento do qual cita Che Guevara como o responsável, e o confisco de bens, que permitia aos cubanos que deixavam o país a levarem apenas pertences básicos e uma quantidade mínima de dinheiro. Beneficios? Ela não cita nenhum, o que mostra sua parcialidade.
Ainda fico na expectativa de um livro imparcial, nem contra nem a favor do governo cubano, mas apenas histórico, que relate seus prós e seus contras com profissionalismo.

Um comentário:

  1. Um bom relato de leitura...
    Cabe ressaltar o estilo de vida burguês a que Juanita esteve acostumada até a reforma agrária acontecer inclusive nas terras da família Castro...
    "Este instigante livro de memórias é o relato não só da vida de uma importante personagem..." - sua importância reside em, apenas, ser irmã do Fidel.
    Recomendo muito o livro da historiadora brasileira Cláudia Furiati: Fidel Castro, uma biografia consentida...

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