Um blog criado a 4 mãos, uma parceria entre irmãs, para comentarmos sobre os livros que lemos, e compartilhar opções de boa leitura.
Escolha um livro, pegue uma xícara de café e venham me desfolhar, sintam-se à vontade.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Olga


Título: Olga
Autor: Fernando Morais
Editora: Alfa-Omega
Gênero: Biografia / Politica / História
Páginas: 314
Ano: 1986











"Não é apenas o relato da vida e da morte de Olga Benario. O livro acabou sendo uma história completa da revolta comunista de 1935"


Como publicado nos jornais "O Globo" e "O São Paulo" O livro não trata apenas de uma biografia de Olga Benario, militante comunista alemã, presa no Brasil e deportada para a Alemanha nazista de Hitler, grávida de 7 meses. O livro trata também da revolução comunista de 1935, detalhes da organização dos partidos comunistas no mundo, o poder de persuasão da mídia sobre o povo, da ditadura do governo Vargas, das torturas sofridas por presos políticos no Brasil, dos campos de concentração nazistas, da abertura política pós 2° Guerra mundial, e cita também empresas multinacionais que enriqueceram usando mão de obra escrava dos campos de concentração. O livro vai além da biografia, são relatos políticos e históricos, ricos em detalhes e informações, onde Olga é descrita como uma mulher do qual a inteligência, coragem e ousadia nos deixa admirados, um exemplo de militância politica, e sua história de vida um exemplo de força e determinação, que graças ao governo de Getúlio Vargas, terminou em uma câmara de gás.

O Passaporte falso apreendido após a prisão: Nele, Olga e Prestes são Maria e Antonio. 

O Médico da prisão nazista de Barnimstrasse assina o atestado médico de Anita ao entregá-la à avó
  
Trabalho escravo nas industrias Siemens

Consta no livro algumas empresas multinacionais que utilizaram-se de mão de obra escrava dos campos de concentração nazista:

“O trabalho na unidade da SIEMENS, (a empresa se fixou dentro do campo de concentração de Ravensbrück) era obrigatório para todas as prisioneiras, independentemente da classificação que tivessem, da idade ou do estado de saúde. Mediante acordo celebrado com o governo, a indústria pagaria ao comando do campo 30 centavos de marco por mulher-dia, sem que isso implicasse qualquer forma de remuneração às prisioneiras. As indústrias que, para preservar sua imagem internacional, preferissem não instalar fábricas dentro dos campos de concentração, não tinham por que se preocupar: a SS se encarregava de transportar os prisioneiros até a sede da empresa. Foi através de contratos como o da Siemens que a fábrica da BAYRISCHEN MOTORENWERK  que produzia os veículos BMW, utilizava 220 presos alugados do campo de concentração de Buchenwalt; a indústria de lentes ZEISS-IKON alugava 900 homens do campo de Flossemburg; a siderúrgica KRUPP (uma das maiores produtoras de aço do mundo e presente tb no Brasil)  500 presos de Buchenwalt; a indústria de veículos DAIMLER-BENZ, fabricante dos luxuosos automóveis Mercedes-Bens, 110 presos de Sachsenhausen; a VOLKSWAGEN  650 presos do campo de concentração de Neuengamme; havia até uma misteriosa indústria SILVA GMBH POLTE WERKE, que chegou a alugar 2 mil mulheres de Ravensbrück. O campo onde esteve Olga, aliás, foi o que forneceu o maior volume de mão de obra escrava. Ao todo, 37.500 mulheres – judias, comunistas, socialistas, social-democratas, ciganas e Testemunhas de Jeová – saíram de Ravensbrück entre 1938 e 1945 para trabalhar de graça para grandes indústrias alemãs.(...) pg 266

* Outras empresas como Allianz seguros, BasfBayerBosch... Constam em listas de sites na internet, vale a pena pesquisar e boicotar o que for possível!
                         


Trailer do filme Olga

Baseado no livro, foi lançado o filme em 2004, que rendeu bilheteria e foi indicado à Academia de Hollywood, para concorrer a uma das cinco vagas na categoria do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Porém, apesar do tema ser bastante atrativo a qualidade deixa a desejar em todos os aspectos. Falta conteúdo informativo, se você não leu o livro antes não entende algumas cenas, o roteiro é fraco, o filme não mostra a situação política do país e dos militantes comunistas, que foi o foco principal do livro, dando muito mais ênfase no "romance" entre Olga e Luiz Carlos Prestes do que na história política, a interpretação é ruim, artificial, em várias cenas não demonstram a emoção do momento tão pouco a efervescência política que existia na época. Um filme ruim e dispensável, mais ainda se comparado a qualidade do livro.



Outros livros de Fernando Morais:

A Ilha
Os últimos soldados da guerra fria





quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sobre a esperança

Título: Sobre a esperança - Diálogo
Autor: Cortella & Frei Betto
Editora: Papirus
Gênero: Sociologia
Páginas: 106
Ano: 2009 (5° edição)











O livro traz um diálogo entre o filósofo Mario Sergio Cortella e uma das importantes figuras na luta pela queda da ditadura militar no Brasil;  Frei Betto, autor do famoso livro "Batismo de sangue."
Nele os autores conversam sobre a esperança, não como mera espera, mas como desejo e expectativa de torná-la real. O que alimenta a esperança no ser humano, que nos mantém viçosos, animados, confiantes, ou seja esperançosos! Do ponto de vista teológico, psicológico e social. Assim como os possíveis motivos que levam a geração atual à viver apenas o "aqui e agora" sem se importar com o amanhã, sem alimentar esperanças como a de "um mundo melhor."
O neoliberalismo, o consumo exagerado, a falta de conhecimento histórico, a busca cada vez maior por valores materiais e não éticos, a falta de compaixão pelo próximo e da percepção de que fazemos parte de um conjunto, de uma relação recíproca, nos fazem olhar apenas para nós mesmo, apenas para o momento atual, nos levando a não alimentarmos esperanças, pois não nos preocupamos com o futuro.

"Creio que uma das razões, em algumas circunstâncias, do apodrecimento da esperança, reside no fato de as pessoas não terem contato com o resultado da obra que fazem" Cortella

"A sociedade humana deve ser o reflexo do que é uma familia. Numa familia, embora as pessoas sejam diferentes, todas têm seus direitos e suas oportunidades" Frei Betto

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Nunca fui santo - O livro oficial do Marcos.


Título: Nunca fui santo
Autor: Marcos Reis - Publicado por Mauro Beting
Gênero: Biografia
Editora: Universo dos livros
Ano: 2012
Páginas: 167









O livro é uma autobiografia da sua vida profissional, contada de maneira simples e bem resumida, onde ele fala dos clubes por onde passou até chegar ao Palmeiras, dos primeiros jogos, das defesas que o consagraram, e também das falhas. Conta sua passagem pela seleção, do amor pelo seu clube e outros motivos que o fez recusar a proposta de jogar no exterior, além de contar algumas situações hilárias. Uma leitura leve, simples, e muitas vezes divertida. Recomendo à todos que admiram a arte do futebol, inclusive aos NÃO palmeirenses como eu! Pq quem gosta do esporte em si, admira os bons profissionais indiferente da camisa que eles vestem. Marcos é admirável, não só como profissional mas também pelo que demonstra ser como pessoa. Precisamos de mais profissionais assim; com bom caráter, personalidade e amor à camisa! Uma pena ele ter parado tão "cedo..."

"Fomos campeões Paulistas, Rio-São Paulo, Brasileirão, Copa do Brasil, Mercosul. Um monte de títulos. E eu lá no banco de reservas, dando volta olímpica  mas sem aquele gostinho de realmente ter participado.
Como titular desde 99 ganhei pouca coisa. Peguei uma época do Palmeiras que era uma desgraça. Passei mais raiva do que dei volta olímpica"


"O Sérgio me convidou para jantar na sogra dele. Voltamos tarde e a concentração onde eu morava já estava fechada. Ele ofereceu para eu ir dormir aquela noite na casa dele. No dia seguinte me convidei pra jantar na sogra dele de novo. Acabei dormindo de novo na casa dele. Ele me convidou para ficar até o fim de semana. Fiquei um ano e meio..."

"Eu e o  Rogério Ceni só não somos os últimos dos moicanos nos clubes brasileiros pq não temos cabelo pra tanto. Não faltaram oportunidades no Brasil e fora dele para que saíssemos. Preferíamos ficar."


"O Rogério Ceni era o preferido para ser goleiro titular do Brasil. Ainda bem que o treinador era 100% fechado comigo. Eu tinha sido goleiro dele no Palmeiras. É uma posição de confiança do treinador, isso ajudou muito. Recebi o maior apoio do Rogério e do Dida durante a copa, eles sempre foram amigos. A convivência foi ótima, nos divertíamos muito. Acabava o treino, a gente fazia disputa de pênaltis. Claro que o Rogério ganhava todas. Ele catava tudo e ainda batia melhor que todo mundo!"

"Uma bola sobrou espirrada na entrada da área. Estava 6 x 2 pra eles. Eu poderia defendê-la com a mão, mas quis dar um bico pra frente, pra longe do estádio - justamente onde eu queria estar. Estava com tanto ódio de ter tomado 6 gols que furei a bola feio. Já tinha tomado dois frangos. Levei um ainda pior. O Adãozinho, nosso volante, que estava no lance, só conseguiu falar "Misericórrrrrrrdia Marcos" com uns 7 erres caipiras. Um pra cada gol do vitória naquela noite."

"Eu, o Sérgio e o Carlão havíamos estudado as cobranças do Corinthians.Estava tudo decorado. Eu sabia onde cada um batia os penaltis. Mas na hora tudo muda. Então pensei: "Vou mudar o canto pq eles tb vão mudar" Eles repetiram o canto das cobranças. Eu pulando no outro, intuição zero da minha parte. Aí sobrou pro Marcelinho carioca. Se eu defendesse a gente estaria na final. Resolvi arriscar o mesmo lado que ele tinha batido contra o Rosário  no Pacaembu. Deu tudo certo. Foi uma das maiores festas que fizemos, não só por termos eliminado mais uma vez nosso principal rival, mas tb pelo ambiente que parte da imprensa havia criado contra nosso time."




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A mulher do vizinho.

Titulo: A mulher do vizinho
Autor: Fernando Sabino
Gênero: Crônicas
Editora: Record
Páginas: 205
Ano: 1982 (18° edição 2008)











O AFOGADO

- Vocês não souberam o que aconteceu com o carro dele?
Como nenhum de nós soubesse, pôs-se a contar-nos, excitado:
- Imaginem que tinha um sujeito se afogando na Praia de Botafogo e vários carros já haviam parado para ver. Ele parou atrás, junto à calçada. Então veio outro carro em disparada e bateu de cheio no dele.
- Estragou muito? Perguntou alguém da roda.
- Espere, não foi tudo: O dele, por sua vez, bateu no da frente. O da frente atropelou duas moças que iam passando. Elas ficaram feridas levemente, mas os carros ficaram completamente amassados. O dele, então, virou sanfona.
- Mas que azar! Comentou um, consternado.
- Logo aquele carro, novinho em folha! Disse outro.
- Pois foi isso: Ficou em pandarecos.
- Então vai custar um dinheirão para consertar.
- Não tinha seguro? Tornou o primeiro.
- Ele não, mas o que bateu tem seguro contra terceiros: Só que um seguro de cem mil não dá para cobrir o estrago de jeito nenhum.
- Além do mais, é um inferno tentar receber seguro nessas situações.
- Foi o que ele me disse. E tem os outros dois carros, que naturalmente vão pleitear parte desse seguro também.
- Mas se a culpa foi do outro, tem que pagar tudo.
- Até provar que a culpa foi do outro...
- Não houve perícia?
- Não, parece que não houve perícia.
A conversa prosseguiu entre comentários em que todos lastimavam a falta de sorte do amigo. Todos, menos eu, que me limitava a ouvir, pensativo.
- Você não disse nada. Observou um deles.
É verdade, eu não disse nada, continuei calado. Não havia muito que dizer, além do que já fora dito pelos outros. Mas na realidade gostaria de saber o que foi que aconteceu com o homem que estava se afogando.


Fernando Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte. Aprendeu a ler em casa, na adolescência trabalhou como locutor de rádio e já escrevia para revistas da cidade.
Foi redator na “Folha de Minas” e em 1941, publica no Rio de Janeiro, o livro de contos “Os Grilos não Cantam mais" seu primeiro lançamento literário.
Trabalhou na Secretaria de Finanças de Minas Gerais, e como professor de português. Em 1943, é nomeado oficial de gabinete do secretário de Agricultura do Estado.
Em 1944, muda-se para o Rio de Janeiro para trabalhar como oficial de Registro de Interdições e tutelas da Justiça, forma-se em direito em 1946, e viaja para os EUA com Vinícius de Moraes. Morou em Nova York por dois anos, trabalhando no Consulado Brasileiro.
Em 1956, lança o livro “Encontro Marcado”, obra editada até no exterior. Em 1957, decide viver somente da escrita, lançando livros e escrevendo para os jornais. Em 1964, é contratado por João Goulart para trabalhar em Londres. A permanência na Inglaterra o fez correspondente da Copa de 66 para o Jornal do Brasil.
Faleceu no dia 11 de outubro de 2004.
À seu pedido, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".
Fonte: http://www.infoescola.com/escritores/fernando-sabino/

Conheça mais livros do autor:
O gato sou eu
O tabuleiro de damas

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O que a vida me ensinou - Amalia Sina


Título: O que a vida me ensinou
Autora: Amalia Sina
Editora: Saraiva
Páginas: 151
Ano: 2011













Amalia Sina é reconhecida como uma das mais bem-sucedidas executivas brasileiras. Foi presidente da Wallita e vice-presidente da Philips. Hoje tem sua própria empresa.

O livro faz parte da coleção "O que a vida me ensinou" porém o conteúdo trata apenas de "como ser um profissional de sucesso" voltado na sua maior parte para mulheres e com uma linguagem mais próxima do "auto-ajuda" do que conteúdo didático.
O livro seria razoavelmente bom se o tema fosse algo como "Dicas para se tornar um bom executivo" ou "foco em liderança e empreendedorismo" e não um livro sobre aprendizado de vida. Eu creio que lições de vida vão muito além de crescimento profissional, e quando o autor fala apenas disso me passa a imagem de alguém limitado, cujo o qual ser um bom profissional foi a única coisa que aprendeu.
Achei a leitura chata, massante, cansativa, mas talvez seja útil para quem deseja crescer na área executiva e busque opiniões ou conselhos de quem já chegou lá.

Outros autores da coleção "O que a vida me ensinou"
Mario Sergio Cortella
Heródoto Barbeiro
Washington Olivetto
Reinaldo Polito

domingo, 23 de setembro de 2012

O CAÇADOR DE PIPAS



Título: O caçador de pipas
Autor: Khaled Hosseini
Gênero: Romance
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 365
Ano: 2003










Por você faria isso mil vezes....

Qual o tamanho do sentimento Amizade? Até onde você iria pelo seu amigo? Qual a relação entre amizade, lealdade e coragem?  O Caçador de Pipas descreve uma linha entre eles, tão forte e ao mesmo tempo tão tênue como a linha de uma pipa.

Dois amigos, Amir e Hassan, ambos 12 anos, Amir filho do patrão a mãe morrera no parto e Hassan filho do criado e também criado devido sua etnia Hazara de origem mongol, considerado uma casta inferior. Sua mãe fugira. Seus pais eram amigos e Amir e Hassan foram  criados juntos, no mesmo quintal, as mesmas brincadeiras, mas será que tinham um pelo outro a mesma amizade?

Dizem que as pessoas que mamam no mesmo peito eram como irmãs, ligados por uma espécie de parentesco, Hassan e eu mamamos no mesmo peito, demos nossos primeiros passos na mesma grama, no mesmo quintal, e sob o mesmo teto dissemos nossas primeiras palavras a minha foi baba a dele: Amir. O meu nome.

Éramos duas crianças que tinham aprendido a engatinham juntas, e não havia história, etnia, sociedade ou religião que pudesse mudar isso, passei a maior parte dos meus primeiros doze anos de vida brincando com Hassan. Às vezes toda minha infância parece um longo dia preguiçoso de verão em companhia de Hassan ................... até que tudo mudou um dia nublado e gélido de inverno em 1975, e fez de mim o que sou hoje.

A história começa em meados de 1970, e acaba em 2002. Passou pelo golpe, à queda da monarquia, a chegada do Talibã, a destruição do Afeganistão. 

O livro acaba de forma melancólica, mas realista. Recomendo a leitura a todos

Leiam e reflitam. Afinal, há um jeito de ser bom novamente.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O que a vida me ensinou - Washington Olivetto


Título: O que a vida me ensinou
Autor: Washington Olivetto
Editora: Saraiva
Ano: 2011
Páginas: 143












Li o livro do Mário Sergio Cortella da coleção  "O que a vida me ensinou" e achei tão bacana que me interessei em ler a coleção toda, partindo do princípio que os autores abordariam o mesmo tema, lições de vida, de diferentes pontos de vista, claro, mas achei que seguiria um padrão, onde dentro dele cada autor iria expor e compartilhar seu aprendizado com o leitor. Me decepcionei...
Cortella aborda temas que fazem parte do cotidiano de cada ser humano, coisas com o qual ele aprendeu e que no livro ele compartilha com o leitor, de maneira que podemos refletir e tirar dali um aprendizado também, enquanto que o livro do Washington é uma biografia resumida da vida dele, apenas. Na maior parte do livro ele fala da profissão dele, me senti lendo uma apostila para publicitários... Sem contar o ego, perdi as contas de quantas vezes ele fala do quão bom profissional ele é ou dos prêmios que ganhou, passando uma imagem prepotente. Achei a leitura pouco atrativa, tirei dela pouco proveito.
Não digo que o livro é ruim, apenas não atendeu às minhas expectativas, t
alvez por ter lido o do Cortella antes, um filósofo muito inteligente e cheio de conhecimento para passar ao leitor, eu tenha esperado muito dos outros e criado a expectativa de que os demais autores seguiriam o mesmo padrão de qualidade.

"O sério não precisa ser sisudo e chato. A genuina seriedade reside no respeito a valores. Não está expressa na formatação quadrada e não exige que o humor seja abolido"

" A ideia do politicamente correto vem sendo detupada. Virou uma vigilância moralista, irmã da censura e da demagogia. Há quem queira sempre aparecer atacando ferozmente isso ou aquilo. Esses radicalismos não constroem um mundo melhor.
O politicamente correto está certinho mas pode ser chato e tedioso. O politicamente incorreto muitas vezes é engraçado mas pode ser mal-educado, preconceituoso e desrespeitoso"

"O cartão é mais importante do que as flores.

Flores murcham rapidamente. Já o cartão, se bem escrito, a pessoa vai guardar pra vida toda."

Outros autores da coleção "O que a vida me ensinou"
Mario Sergio Cortella
Heródoto Barbeiro
Amalia Sina
Reinaldo Polito

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O que a vida me ensinou - Mario Sergio Cortella


Título: O que a vida me ensinou
Autor: Mario Sergio Cortella
Editora: Saraiva
Páginas: 109
Ano: 2011










Mario Sergio Cortella é filósofo, mestre e doutor em educação pela PUC-SP, autor de diversos livros; um poço de sabedoria e conhecimento, um ser pensante raro de se encontrar por aí.
Difícil fazer uma resenha do livro em questão, dá vontade de escrever aqui o livro inteiro, pois cada página dele é um aprendizado. Ele nos permite sair do óbvio, ver as coisas por uma perspectiva diferente do "comum", conhecer novos significados; como bom filósofo, nos faz pensar, refletir sobre cada tema abordado.


"Qual é a sua verdade? Qual é a sua essência? No dia em que você se for essas questões irão embora com você. O que permanecerá de você no mundo? Permanecerá seu legado. Permanecerá aquilo que você ensinou, as marcas que deixou"

"Uma questão fundamental para qualquer pessoa é: "Se eu não existisse, que falta faria?." As respostas estabelecem minhas razões de existência e também os senões da minha existência"


Outros autores da coleção "O que a vida me ensinou"
Washington Olivetto
Heródoto Barbeiro
Amalia Sina
Reinaldo Polito

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Ilha - Um repórter brasileiro no país de Fidel Castro


Título: A Ilha - Um repórter brasileiro no país de Fidel Castro.
Autor: Fernando Morais
Editora:Alfa-Omega

Gênero: Política
Páginas: 176 (26° edição)
Ano: 1976










1959, jovens guerrilheiros cubanos derrubam o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, transformando Cuba em um país socialista. O livro aborda as mudanças que ocorreram no país nos primeiros 17 anos de regime socialista, mostra a Cuba dos anos 60/70.

Aprendemos que o socialismo/comunismo é o "bicho papão" da política, ouvimos falar dos "perigos" que tais regimes podem oferecer e da ditadura e repressão sob o qual supostamente viviam os cubanos, mas não paramos para pensar que nosso país é capitalista e que por 2 décadas sofremos ditadura, repressão, cassação politica, tortura e assassinatos. Outros vizinhos sul-americanos também capitalistas sofreram com a mesma ditadura, apoiados e financiados pelos E.U.A. outro país capitalista! A própria Cuba vivia sob regime ditatorial antes da revolução, e então dizem para nós que o socialismo é o governo ditatorial? Vale lembrar que repressão não depende de um regime capitalista ou comunista, ela pode ser imposta em ambos. 

Se tratando de livros que falam de qualquer assunto polêmico é importante abdicarmos de qualquer pré-conceito, de opinião pré formada por influência da mídia e do que aprendemos na escola, e absorvermos novas idéias, pois muito do que aprendemos pode estar errado. Devemos buscar sempre o outro lado, conhecer as duas versões, e assim tirarmos nossas próprias conclusões, desenvolvendo nosso próprio senso crítico.

O livro foi escrito por Fernando Morais, um conceituado jornalista brasileiro, que passou 2 meses em Cuba no ano de 1976, onde ele relata opiniões populares e mudanças ocorridas devido a revolução:

Os prós 
Em Cuba não existe favela, não existe prostituição, não existe tráfico de drogas, não existe moradores de rua, não existe cassinos sustentando máfias criminosas. Os índices de analfabetismo caíram de 35% no governo de Batista para 2% no governo de Fidel, foram criadas mais de dez mil salas de aula apenas no primeiro ano pós revolução. O ensino é gratuito desde o primário até o curso superior. A gratuidade escolar também inclui alimentação, material escolar e prática de esportes escolhida pelo próprio aluno. O aluno de ensino superior/profissionalizante estuda e trabalha como uma espécie de estágio, terminando os estudos é automaticamente encaminhado para um órgão do governo, onde permanece empregado, tentando assim extinguir o desemprego. A saúde tb é gratuita, em 15 anos de regime socialista a taxa de mortalidade infantil foi reduzida, sendo a menor da América latina, a tuberculose infantil, malária, difteria e o tétano foram erradicados. O país do tamanho do estado do Piauí conta com 3.200 unidades de saúde entre hospitais, postos e laboratórios (os dados são de 1976)

Os contras
Racionamento de alimentos, roupas e calçados, não devido ao regime politico mas sim ao bloqueio econômico promovido pelos E.U.A. e demais países capitalistas, na tentativa de derrubar o governo cubano.

O livro traz entrevistas com Fidel Castro, e no caso da edição citada traz ilustrações e um capítulo inédito; um relato do médico dos guerrilheiros na Sierra Maestra sobre os dias que passou na mata durante a guerrilha, particularmente achei essa parte muito interessante, ele cita o dia-a-dias dos guerrilheiros e as táticas de Fidel, que me fizeram admirar sua esperteza.

O que temos no livro são estatísticas e opiniões populares, somente poderemos conhecer 100% os prós e contras de um regime político qualquer vivenciando-o, porém podemos ver pelas informações que o autor nos passa que o socialismo pode sim dar certo e mais do que isso trazer muitos benefícios para a população. 

Segue a baixo um vídeo atual sobre Cuba, que aponta alguns dados citados também no livro.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Tu carregas meu nome


Título: Tu carregas meu nome - A herança dos filhos de nazistas notórios.
Autor: Norbert & Stephan Lebert
Gênero: História, Biografia
Editora: Record
Ano: 2004
Páginas: 197










O livro "Tu carregas meu nome" traz entrevistas com filhos dos nazistas mais notórios, realizadas em 1959, pelo jornalista alemão Norbert Lebert. Seu trabalho foi retomado pelo filho 40 anos depois. Stephan Lebert procurou pelos filhos de nazistas entrevistados pelo seu pai, para uma nova entrevista, e juntando todo o material publicou o livro.
No livro os filhos dos nazistas contam lembranças da vida com o pai antes e depois da guerra, a chegada das tropas aliadas, a prisão e condenação dos pais, como a familia viveu durante esse periodo e como foi crescer com essa herança nazista; para alguns motivo de orgulho e para outros um fardo.

"Martim Bormann conta que cerca de um ano antes do fim da guerra, ele, sua mãe e irmãs foram vistar os Himmler. Subitamente Hedwig Potthast, secretaria e amante de Himmler, disse que queria mostrar-lhes algo muito interessante, uma coleção muito particuar do seu chefe. Subiu com os convidados até o sótão e abriu um cômodo. Havia mesas e cadeiras feitas de partes de corpos humanos. Numa das cadeiras, o assento era parte de ossos da bacia, toda entalhada. Outras tinham pés feitos de pernas humanas com pés humanos. Depois disso a sra Potthast mostrou um exemplar de Mein Kampf, encapada com pele de costas humana. Bormann se lembra como ele e as irmãs ficaram petrificados e chocados, e como a mãe, confusa, tentava consolá-los" Pg 92


Apesar de já ter lido absurdos piores sobre experimentos nazistas, esse trecho do livro ainda me chocou.

Martin Bormann é filho do nazista do mesmo nome, que foi secretário de Hitler. Aos 70 anos de idade durante a entrevista de Stephan para este livro, quando interrogado sobre seu pai, sobre como se sente ao ver o pai ser apresentado em livros e documentários como uma pessoa brutal e sem caráter, sobre suas perseguições aos judeus, e os crimes nazistas, ele emocionado, ele retira da carteira um velho cartão-postal amarelo, no qual o pai escrevera algumas palavras em 1943.
-Veja aqui - diz ele com lágrimas nos olhos. "Filho do meu coração. Espero poder rever-te em breve. Teu papai." Entenda - diz Bormann -, essa é a imagem que eu tenho, sendo filho, e essa imagem ninguém pode me tirar. Pg 95


Bormann filho se tornou padre, foi missionário na guerra do Congo na Africa, percorre a Alemanha dando palestras sobre os perigos do nacional-socialismo e diz que não acredita no fim dessa terrivel ideologia, em algumas localidades, principalmente no leste da Alemanha ele precisa de proteção policial. (2000)

Para o resto do mundo Martin Bormann era apenas um "pai nazista", na visão de filho é como se o pai e o nazista fossem duas pessoas distintas. Mto bom ver que nem sempre os filhos seguem os passos errados dos pais, ao contrário, luta contra tal ideologia apesar de ter sido criado nela.
A história de Martin foi a que mais gostei, o livro todo é muito bom, simples, de fácil entendimento e prende a atenção.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Guia politicamente incorreto da filosofia


Título: Guia politicamente incorreto da filosofia
Autor: Luiz Felipe Pondé
Gênero: Filosofia
Editora: LeYa
Ano: 2012
Páginas: 223









O que me atraiu no livro foi o subtítulo "Ensaio de ironia." Na verdade o que o autor chama de ironia, eu chamo de "ser desagradável..." Mas como ele mesmo citou na introdução "Este livro é um ensaio de ironia filosófica, movido por uma intenção específica: ser desagradável"  logo o objetivo é atingido com sucesso!!! 
O autor faz o tipo ranzinza (não sei se isso faz parte do papel interpretado no livro ou se ele é assim mesmo) e isso foge um pouco da ironia e vira chatice de gente rabugenta de mal com a vida... Mas ainda assim em alguns momentos essas rabugentices me fizeram rir e em outros me fizeram pensar: "esse indivíduo deve ser insuportável pessoalmente."
Mas se ironia é dizer algo querendo dizer o contrário daquilo, devo considerar verdadeiras, o contrário de todas as opiniões do autor? O.o rsrsrs


O principal foco do livro é falar de assuntos do cotidiano atacando os "politicamente corretos" e essa mania mentirosa, falsa e hipócrita de dizer que tudo e todos são lindos, maravilhosos e uns fofos, quando na verdade não são!  Nessa parte concordo com o autor pois valorizo muito mais a sinceridade do que essa mania de querer agradar à todos só pra fazer bonito e parecer simpática. Porém discordo da maioria das opiniões por ele expressas, não achei o livro bom no sentido de aprendizado, ao contrário achei algumas opiniões do autor um tanto atrasadas... Mas o lado bom de discordar é que estimula a criatividade, nos faz pensar e criar argumentos contrários ao que está sendo afirmado e isso nos enriquece, estimula o raciocínio. 


Se você, caro leitor, tem um amigo que tem o livro, do qual você pode pegar emprestado, então leia! Mas se você está pensando em gastar seu rico dinheirinho nele, pense que existem muitos outros títulos melhores, que merecem muito mais um lugarzinho na sua estante!