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quinta-feira, 13 de abril de 2017

Meu filho Che


Título: Meu filho Che
Autor: Ernesto Guevara Lynch

Editora: Brasiliense
Gênero: Biografia
Ano: 1986
Páginas:
330










Diferente de uma simples biografia de um fã sobre um guerrilheiro revolucionário, diferente de uma simples biografia de um crítico opositor sobre um assassino autoritário, é uma biografia de um pai sobre um filho. Ao contrário de qualquer outra é repleta de emoção, admiração e afeto. Não se trata da biografia política de um guerrilheiro, mas de uma criança, de um adolescente, de um jovem adulto em todas as suas etapas de vida, seu relacionamento com a família, com os amigos, suas dúvidas, crenças, objetivos... A pessoa Che, além do revolucionário.
Claro que é inevitável falar de política, a segunda guerra mundial é citada, tal qual a guerra civil espanhola, pois fizeram parte da época em que o livro se passa, e sendo a família toda muito politizada os fatos ocorridos na época fizeram parte direta da vida de todos os personagens narrados.
O livro começa com a revolução cubana, não do ponto de vista político, mas sim da família, do pai desesperado por notícias do filho, em vários momentos dado por morto pelos meios de comunicação. Ele narra essa busca constante por informações e esse medo da perda do filho de forma muito empática, que faz com que o leitor se ponha em seu lugar como pai. Narra sua primeira visita à Cuba após a vitória dos revolucionários e aí sim, faz citações de cunho político, mas no geral sua narrativa foca muito mais na vida pessoal do Che, quem ele era como filho, como foi a infância, relata histórias que traz na lembrança, e no decorrer da narrativa é possível entender como o filho Ernesto se transformou aos poucos no revolucionário Che, como os acontecimentos ao nosso redor, durante todo o decorrer de nossas vidas, nos transforma no que somos hoje, todas as influências que sofremos para formar nossas opiniões e nossos atos.
Há trechos das cartas trocadas entre pai e filho durante anos, e os relatos das viagens aos hospitais dos leprosos onde Che colocou em prática suas aulas de medicina, além das aventuras que viveu nessas viagens.
Há citações sobre vários familiares que complementam a biografia, alem de alguns acontecimentos isolados do contexto familiar e do relacionamento com os amigos da família em geral, sem que seja citado o próprio Che diretamente. Apenas histórias que pairam na lembrança do escritor.
O mais encantador, é ver a biografia com outros olhos, com olhos de pai, não de historiador, sobre a vida de um filho, não de um personagem, isso enriquece a leitura. Seja o leitor a favor do Che, ou contra o Che, a leitura de uma narrativa escrita por uma pessoa íntima e repleta de afeto, torna a história muito mais humana.


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