Um blog criado a 4 mãos, uma parceria entre irmãs, para comentarmos sobre os livros que lemos, e compartilhar opções de boa leitura.
Escolha um livro, pegue uma xícara de café e venham me desfolhar, sintam-se à vontade.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Cinco anos da minha vida - A história de um inocente em Guantánamo.

Título: Cinco Anos da Minha Vida - A História de um inocente em Guantánamo.
Autor: Murat Kurnaz
Gênero: Biografia / Guerra
Editora: Planeta
Ano: 2008
Páginas: 303








"Vi dois soldados batendo em um homem caído no chão (...) um cobertor estava enrolado na cabeça do preso. Eles batiam em sua cabeça com a coronha das armas e chutavam seu corpo com as botas. Outros guardas e soldados juntaram-se à eles. Eles também chutaram e bateram nele. Eram então sete soldados. (...) Vi que o homem logo parou de se mexer. Os soldados continuaram chutando.
De manhã o preso continuava caído do mesmo jeito lá. Então pude perceber que o cobertor estava completamente enrolado na cabeça. Como ele poderia respirar? Ele estava sobre uma poça de sangue.
De tarde vi os oficiais virem e o observarem. Fizeram anotações (...) tiraram o cobertor de sua cabeça, levantaram-no e o deitaram em uma maca. Seus braços e pernas pendiam sem vida. Ele estava morto."


EUA, o país da democracia e maior representante dos direitos humanos! Será?
E o que acontece no Campo de Detenção de Guantánamo? Bem, isso eles não contam...
Quem nos conta é Murat Kurnaz, um Jovem turco - Alemão, preso durante uma viagem ao Paquistão e vendido como terrorista para as autoridades estadunidenses, que estavam em busca de "culpados" pelo atentado de 11 de setembro.
Murat foi levado ao Campo de Detenção de Guantánamo, onde passou cinco anos preso, sendo acusado de terrorismo, sem nenhuma prova que o condenasse, sem processo e sem direito à julgamento. Sendo constantemente interrogado e sofrendo torturas para que confessasse ser membro de grupos terroristas. 
Ele relata no livro o dia a dia dele e demais prisioneiros em Guantánamo, descrevendo tratamentos desumanos; interrogatórios, torturas, espancamentos:

"Eles colocam os eletrodos na sola dos meus pés. (...) Sinto a corrente elétrica no corpo todo, dói muito, sinto calor, câimbras, espasmos, os músculos se contraem, pulam, doem (...) Só sei de uma coisa: vou desmaiar ou morrer. Mas eles sempre voltam a tirar os eletrodos dos meus pés. Isso é pior, assim a dor volta até a gente achar que não consegue mais aguentar.  Acho que desmaiei. Então eles devem ter parado."

Enquanto isso, no brasão de Guantánamo, ironicamente havia escrito: "Compromisso de honra em defender a liberdade"
Será assim que se defende a liberdade? Será esse o exemplo de respeito aos direitos humanos?

Para quem quiser saber mais, h
á várias reportagens denunciando o abuso de poder e o tratamento desumano que os soldados estadunidenses utilizaram contra os prisioneiros em Guantánamo. A Prisão ganhou grande repercussão internacional devido às atrocidades alí cometidas, tendo sido local de tortura durante muito tempo, sem se submeter à qualquer tipo de lei. 
No documentário intitulado "Inside Guantanamo" da National Geographic, um ex-guarda de Guantânamo detalha os crimes cometidos na prisão; os variados tipos de torturas, espancamentos brutais, abuso sexual, desrespeito às práticas religiosas, transporte dos detentos em jaulas e até detenção de crianças.
Caminho para Guantánamo é outro documentário sobre o tema que vale a pena ser visto, nele é narrada a história de três jovens britânicos de ascendência paquistanesa presos no Afeganistão em 2001, levados para a prisão de Guantánamo, erroneamente acusados de terroristas. O filme foi premiado com o Urso de Prata na categoria melhor diretor no Festival de Berlim de 2006.




Sobre Guantánamo:
Guantánamo é um pedaço de terra de 116Km² em território cubano sob domínio dos EUA. Em 1903, os Estados Unidos assinaram um contrato de arrendamento perpétuo desse território com o interesse em mineração e em operações navais.
Não demorou para se tornar uma prisão militar. Em 1942, após o ataque japonês à base de Pearl Harbor, o presidente Roosevelt assina um decreto que autoriza a prisão de estadunidenses de origem japonesa. Milhares de pessoas foram presas em campos clandestinos sob controle militar. Além de prisioneiros que supostamente seriam terroristas, a Prisão de Guantánamo abrigou também detentos de forma clandestina, que não tinham razão justificável para estarem detidos, inclusive imigrantes ilegais que deveriam ser deportados à seus países de origem.
Em 2009, o presidente Barack Obama assina um decreto-lei para fechar Guantánamo, e foram extintas as comissões militares criadas durante o governo Bush. O fechamento ainda está em tramite, em parte por causa dos obstáculos colocados pelo Congresso dos EUA, composto em sua maioria por adversários políticos de Obama, que resistem ao fechamento.
Fontes: infoescola e wikipédia.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

A Menina Que Não Sabia Ler

Título: A menina que não sabia ler
Autor: John Harding
Editora: Leya
Páginas: 282
Ano: 2010











A menina Florence de 12 anos e Glibe seu irmão de 8 anos vão morar na mansão Blithe, filhos de mães diferente ficaram órfãos muito cedo e seu tio passa a ser seu tutor, mas o tio em questão vive na Europa, sendo assim as crianças ficam por conta dos criados; Meg, Mary, John e a governanta Sra. Grouse.

O livro é um suspense (leve), narrado pela própria Florence, sob o ponto de vista de seus interesses: ler, brincar e proteger seu irmão de qualquer perigo ou suspeita dele, e é seguindo esse raciocínio que a trama vai se desenrolando.

No começo o livro é um pouco cansativo, arrastado, o tio de Florence é contra a educação feminina, já que a história se passa em 1891, então ela é proibida de estudar, mas ao vagar pela mansão ela encontra a biblioteca e fica maravilhada com os livros. Florence é uma menina inteligente e aprende a ler sozinha, dessa forma ela passa horas escondida na biblioteca sem que ninguém de por falta, lendo muitos livros, incluindo clássicos como Edgar Allan Poe. No começo essa "tranquilidade" de Florence só é quebrada pelas visitas do vizinho Theo Van Hoosier, que vive a lhe fazer poemas desastrosos...

E já que Florence não será alfabetizada, Glibe é mandado pra escola mas acaba expulso, e seu tio-tutor contrata uma preceptora pra lhe dar aulas em casa e é ai que as coisas começam a ficar estranhas. A primeira preceptora Sra. Whitaker morre acidentalmente no lago e a segunda preceptora, Sra. Taylor é a responsável por fazer Florence acreditar que algo muito suspeito e até mesmo sobrenatural acontece por ali.

A mansão é cheia de mistérios, sons, cheiros e muitos segredos... Florence costuma ter sonhos estranhos, as vezes vaga pela noite em crises de sonambulismo, e fatos misteriosos começam a acontecer após a chegada da Sra. Taylor. No desenrolar da trama o leitor fica em dúvida se é verdade ou se é tudo fruto da imaginação fértil da menina devido aos livros que lê sozinha, (o que seria minha aposta!). O autor não deixa isso claro ao longo do livro deixando que cada leitor tenha sua opinião sobre a história. O que alguns leitores podem não gostar, e outros podem achar que é uma brecha para que sua imaginação organize os fatos, dando forma a uma linha de raciocínio.

O final não é óbvio nem banal, chegando a ser desconcertante, talvez até um pouco exagerado levando em consideração uma menina de 12 anos ser a mentora de todo desfecho, ao mesmo tempo que entendemos que Florence sabe que está sozinha no mundo e precisa cuidar de si e de seu irmão.

Minha dúvida é: "Florence é inocente ou vilã?"


Observação: O título em português não condiz exatamente com a trama, pois a história não se baseia no fato dela não saber ler, mas nos mistérios que rondam a casa e seus personagens. O título original do livro é "Florence and Giles" muito mais apropriado, assim como a foto da capa que segue abaixo.



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Uma vida sem limites


Título: Uma vida sem limites
Autor: Marcos Rossi
Gênero: Biografia / Auto-ajuda
Ano: 2011
Páginas: 118












Marcos Rossi é portador da síndrome de Hanhart, uma doença congênita rara que se manifesta no feto, do qual o bebê nasce sem partes ou completa ausência de braços e pernas. No livro ele conta sua história, marcada por um caminho repleto de dificuldades pela sua limitação física, e de suas superações. Fala do convívio com as outras pessoas, da ajuda de amigos e familiares, do esforço para levar uma vida normal, das adversidades sofridas e superadas. Mais do que isso, mostra que é possível viver bem e ser feliz mesmo com tamanha limitação, mesmo com a falta de estrutura para deficientes físicos que presenciamos frequentemente em diversos locais públicos, mesmo com o preconceito e julgamento alheio. 

A história dele é semelhante ao do famoso palestrante australiano Nick Vujicic, tendo seu livro publicado na Austrália em 2010. Coincidência, ou não, ambos levam o mesmo título.
Assim como Nick Vujicic, Marcos tb exerce a função de palestrante motivacional, tentando mostrar às pessoas que é possível vencer os seus obstáculos, e que o ser humano é adaptável às circunstâncias. Assim como em suas palestras, seu livro também busca mostrar ao leitor o quanto somos capazes de nos superar e de viver uma vida "sem limites."